segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Ser terapeuta...

“Ser terapeuta pode significar muitas coisas. Todas elas, de alguma forma, expressam a idéia de gerar alguma mudança, algum movimento, no sentido de melhorar pessoas em sofrimento. Muitas teorias buscam compreender a questão da mudança, o que é fundamental acontecer para que haja movimento, para que a terapia aconteça. O terapeuta tem de dizer ou fazer algo que contenha uma diferença. Trata-se de uma diferença sutil, de um toque criativo que acrescente esperança e conduza à mudança. Nisto se diferenciam os terapeutas, entre os verdadeiramente talentosos, que acrescentam algo realmente novo e os que repetem fórmulas, burocraticamente. Não importa tanto a teoria que utilizam como referência para suas intervenções. Cada vez mais, em nosso tempo, os terapeutas são informados por uma mescla de diversas teorias, variados enfoques, que cada qual organiza a seu modo, de acordo com sua personalidade, seu jeito de ser terapeuta. Em suma, a criatividade, a generosidade e o amor são inerentes à função do terapeuta.”
Frente a este trecho escrito por Luiz Carlos Prado, proponho uma reflexão, a nós psicólogos, acerca da nossa profissão. Ninguém procura um psicólogo para dizer que está muito bem, que está feliz. As pessoas nos procuram por necessidade, quando estão com algum problema, quando algo em suas vidas não anda bem, quando estão em sofrimento psíquico. Constantemente somos depositários de segredos, angústias, medos, sonhos, desejos... Então... Que tipo de terapeutas estamos sendo? Que diferença estamos fazendo na vida de nossos clientes? Com que grau de seriedade, ética e comprometimento estamos encarando nosso trabalho? Será que estamos preparados para atender determinado caso ou seria melhor encaminharmos a algum colega? Será que estamos cobrando um preço justo e não estamos prostituindo e denegrindo a imagem da nossa profissão? E nós, será que estamos cuidando da nossa saúde mental para que possamos cuidar da saúde mental do outro?
Que neste dia 27 de agosto possamos parar e refletir sobre o nosso “ser terapeuta”, independente da linha que escolhemos seguir, independente da nossa área de atuação, a fim de percebermos nossos erros e acertos. Que a mudança comece por nós.
Parabéns aos colegas que “vestem a camiseta” e encaram esta profissão com ética, respeito e comprometimento.

Fernanda Callegari Beltrame – Psicóloga - CRP 07/16661

sexta-feira, 24 de agosto de 2012

A importância de dizer “Não”

Pai, compra? Me leva, me dá? Mãe, deixa? As crianças pedem, exigem e batem o pé. Querem tudo e querem agora.Como estabelecer limites é o grande desafio dos pais de hoje. Na difícil tarefa de educar os filhos, a impressão que temos é de que os pais estão sempre numa corda bamba, caminhando de olhos vendados, divididos entre ceder ao sim e ser atormentado pelas preocupações ou escolher o não e se achar autoritário e carregar um sentimento de culpa.
É comum encontrarmos pais que, tendo na infância sofrido privações, acreditam que têm que dar tudo o que a criança pede, ou fazer tudo o que ela quer. O resultado é que a criança acaba confundindo o “não” com a falta de afeto e pode se tornar um adulto sem limite. Na cabeça da criança, se os pais não dão a ela o brinquedo que ela quer na hora que ela quer é porque eles não gostam dela. A tarefa dos adultos é justamente ensinar que as coisas não são bem assim.
Limites no pensamento de uma criança não são nada agradáveis, mas são imprescindíveis para a formação de indivíduos autônomos, responsáveis e maduros. Muitas crianças demonstram dificuldade em entender o que é certo e o que é errado, pois os próprios pais não delimitam claramente seus valores ou, pior; infringem as próprias regras. O dizer o não acaba por frustrar a criança, porém a frustração é um exercício de amadurecimento.
É claro que negar algo pode não ser suficiente para colocar fim a um pedido ou capricho. As crianças vão insistir muito, perguntar mil vezes “por quê?”, usar todo tipo de argumento e fazer de tudo para ultrapassar o limite imposto pelos pais. Nesse caso, é preciso firmeza. Os pais devem explicar de forma simples e sucinta o motivo de estarem dizendo “não” porém, não devem se prolongar demais. Há pais que dão tantas explicações para estabelecer limites que acabam cedendo ao jogo dos filhos. As crianças são espertas e muitas vezes dizem não compreender os limites para se livrar deles. Isso é natural, pois as crianças sempre tentam ir mais longe, medem forças, desafiam os pais, procurando aumentar sua liberdade e seu poder.
Uma vez dado o limite, é preciso que ele seja respeitado. A criança precisa enfrentar as conseqüências de suas ações. Se por exemplo, assistiu à televisão depois do horário estabelecido, deverá aceitar que no dia seguinte terá de abrir mão de seu programa favorito; se quebrou algo, terá de ficar sem esse objeto por um tempo; se rejeita a comida, mas não quer ficar sem a sobremesa, terá que entender que a escolha é entre a refeição principal mais a sobremesa ou nada. Isso se chama responsabilidade. Não se trata de castigar ou premiar, mas de fazer com que as crianças compreendam aos poucos que cada ação tem uma conseqüência, boa ou ruim.
E não se pode nunca esquecer que a educação pede equilíbrio e bom senso. Quando se exagera em proibições desnecessárias, o risco é o de formar uma pessoa cheia de medos, com pouca espontaneidade ou criatividade, ou, no extremo oposto, um rebelde com dificuldades de se inserir na sociedade. Por isso, a criança precisa aprender que embora haja um “não”, muitos “sins” podem ser dados. O segredo, portanto, reside em construir uma relação de confiança. Desse modo, mesmo que os filhos não entendam ou não aceitem plenamente o “não”, poderão reconhecer os limites com mais facilidade e se sentir protegidos pela certeza de que os pais se preocupam com seu bem-estar.

quinta-feira, 23 de agosto de 2012

Síndrome da Alienação Parental

Atualmente bastante comentada, a Síndrome da Alienação Parental é um processo que consiste em “programar” uma criança para que ela odeie um de seus genitores sem justificativa alguma e, geralmente é praticada por quem possui a guarda do filho. Para isto, a pessoa lança mão de artifícios tais como dificultar o contato da criança com o (a) ex-parceiro (a), falar mal deste (a) e fazer uso de mentiras. Crianças de até seis anos, em função do seu desenvolvimento, estão mais suscetíveis a uma modalidade de alienação, a qual chamamos de implantação de falsas memórias. É quando o pai ou a mãe a manipula a ponto de ela acreditar que vivenciou algo que nunca ocorreu de fato. A criança sabe que o outro genitor gosta dela, porém o possuidor da guarda altera esta percepção. Muitas vezes este (a) não passa a ligação telefônica para a criança; a ameaça de punição se ela telefonar, escrever ou se comunicar com o outro genitor; organiza várias atividades com a criança durante o período de visitas do ex-cônjuge, entre outros. A criança, por sua vez pode mostrar uma reação de medo em desagradar o genitor alienador. Se ela desobedece a esta “imposição”, especialmente expressando aprovação pelo genitor ausente, o genitor alienador logo a ameaça dizendo que vai abandoná-la ou vai mandá-la viver com o outro genitor. A criança se coloca numa situação de dependência e fica submetida a agradar sempre o detentor da guarda. As conseqüências sofridas pelas crianças vítimas da Síndrome de Alienação Parental podem variar desde uma depressão crônica, incapacidade de adaptação no ambiente psicossocial, transtornos de identidade e de imagem, sentimentos de isolamento, comportamento hostil, falta de organização, até o suicídio. Além disso, a criança cresce em uma bolha de mentiras, o que pode provocar desvios de caráter e conduta.

O uso de Ritalina sem prescrição médica

A ritalina é indicada para o tratamento de pacientes que tenham o TDAH. O que acontece hoje em dia é que está havendo um uso desenfreado dessa substância por pessoas que não possuem o TDAH, principalmente por jovens. Estes jovens tomam a ritalina com o objetivo de ficarem mais “ligados”, para aumentar a concentração durante os estudos e, consequentemente, aumentar o desempenho na faculdade e em concursos públicos. Executivos também vêm abusando da ritalina com o objetivo de melhorar seu desempenho no trabalho. Por exemplo, um executivo que toma ritalina consegue trabalhar em média, umas 10 horas seguidas sem um grau de cansaço elevado. Além disso, muitas pessoas, principalmente mulheres, que desejam emagrecer usam a ritalina indevidamente por causa do seu possível efeito colateral de provocar perda de apetite que poderia ocasionar o emagrecimento. Existe também os adolescentes e adultos que tomam o medicamento para ir a uma festa, já que o medicamento quando usado com o álcool ele tem seus efeitos potencializados.
Todas as pessoas que usam a ritalina indevidamente, sem orientação médica, estão colocando a sua saúde em risco. A Ritalina pode viciar como qualquer outra droga e é uma medicação extremamente forte que pode provocar até alucinações. Pode causar dependência psíquica, problemas cardíacos, renais e hepáticos. Variações bruscas de humor, elevada ansiedade e distúrbios do sono também podem aparecer com o uso indevido da substância por quem não possui o déficit.
É fundamental salientar que estes efeitos se dão em pessoas que não possuem o TDAH e fazem uso da substância de forma errônea e irresponsável. Quem tem o TDAH diagnosticado por um profissional capacitado e necessita fazer uso da ritalina deve seguir sempre as orientações médicas. Qualquer dúvida ou qualquer sintoma é aconselhável sempre procurar um profissional.

sexta-feira, 17 de agosto de 2012

TDAH

O Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) é um transtorno neurobiológico, de causas genéticas, que aparece na infância e freqüentemente acompanha o indivíduo por toda a sua vida. Na maior parte das vezes, se manifesta muito cedo, porém é com o início da vida escolar, que os sintomas revelam-se de forma mais perceptível. Geralmente aquele que possui o TDAH se destaca do padrão de desenvolvimento esperado para a sua idade. O TDAH afeta o portador em diversos aspectos de sua existência e tem um curso longo, podendo apresentar, em alguns casos, uma melhora ao atingir a vida adulta, principalmente no que se refere aos sintomas de hiperatividade.
Os principais sintomas do TDAH são a dificuldade de manter a atenção, hiperatividade (manifestada geralmente por uma grande agitação motora e mental) e a impulsividade. A pessoa acometida por esta patologia não consegue se manter focada em um único estímulo do ambiente, em virtude das outras fontes de estimulação. Frequentemente, o paciente é descrito e rotulado como distraído, no mundo da lua, a mil por hora, encapetado, cabeça nas nuvens, irresponsável ou sem educação.
As maiores dificuldades do portador de TDAH estão relacionadas ao planejamento, à estruturação e à organização das atividades cotidianas. É na escola, onde provavelmente pela primeira vez, o TDAH é notado de forma clara como um problema real da criança devido às exigências do processo de aprendizagem. A criança com TDAH torna-se vulnerável afetivamente à medida que as cobranças e as pressões aumentam e, em conseqüência disso, suas dificuldades tornam-se mais salientes em relação às das crianças não portadoras. Estas dificuldades, equivocadamente, podem ser confundidas com falta de limite, preguiça, falta de educação ou falha de caráter, o que aumenta ainda mais a dificuldade de integração. Quando a escola e os professores não estão preparados para receber uma criança com TDAH, sua vida e a de seus familiares podem passar por diversos problemas.
Na infância, a criança pode apresentar algumas dificuldades como, por exemplo, seguir instruções ou o que foi combinado, acompanhar o andamento das aulas, grande dificuldade em ficar parado e movimentar-se o tempo todo. Em decorrência destes sintomas, é comum a presença de dificuldades escolares ou de aprendizagem sem que a criança apresente algum sinal de déficit de inteligência. Devido ao comportamento muitas vezes impulsivo ou desatento, as crianças portadoras de TDAH são desprezadas em rodas sociais e classificadas como mal-educadas ou sem limites e tendem a ser impopulares com outras crianças. A criança cresce sendo comparada e comparando-se às outras crianças, aos irmãos e aos colegas, sempre julgando-se incapaz ou inferiorizada. De modo geral, essa impressão, é reforçada pelos pais e responsáveis ou até mesmo por outras crianças. Caso o ambiente social não seja adequado, complicações secundárias podem ocorrer, como baixa auto-estima, insegurança, desajuste social e abuso de drogas, podendo chegar, em casos extremos, à criminalidade.
No decorrer da adolescência o portador pode carregar consigo muitos dos rótulos relacionados aos sintomas do TDAH. Traz também uma história escolar, muitas vezes, frustrante e deficiente em muitas áreas. Por experimentar, na maior parte dos casos, uma baixa auto-estima, tem dificuldades em manter um relacionamento social estável. Em virtude disto, trocas de grupos de amigos tornam-se bastante freqüentes.
Os adultos com TDAH costumam ter dificuldade de organizar e planejar suas atividades do dia a dia. Pode ser difícil para uma pessoa com TDAH determinar o que é mais importante dentre muitas coisas que tem para fazer, escolher o que vai fazer primeiro e o que pode ser deixado para depois. Em conseqüência disso, quem apresenta o TDAH fica muito estressado quando se vê sobrecarregado (e é muito comum que se sobrecarregue com freqüência, uma vez que assume vários compromissos diferentes), pois não sabe por onde começar e tem medo de não conseguir dar conta de tudo. Os indivíduos com TDAH acabam deixando trabalhos pela metade, interrompem no meio o que estão fazendo e começam outra coisa, só voltando ao trabalho anterior bem mais tarde do que o pretendido ou então se esquecendo dele.
O portador de TDAH apresenta dificuldade para realizar sozinho suas tarefas, principalmente quando são muitas, e o tempo todo precisa ser lembrado pelos outros sobre o que tem para fazer. Isso tudo pode causar problemas na faculdade, no trabalho ou nos relacionamentos com os demais. A persistência nas tarefas também pode ser difícil para quem tem o TDAH, pois freqüentemente costuma deixar as coisas pela metade. Embora estas pessoas sejam indivíduos criativos e inteligentes, em sua maioria, apresentam dificuldades em concretizar este potencial.
Há três subtipos de TDAH bastante conhecidos, sendo eles: TDAH do tipo predominante desatento - Geralmente apresentado por crianças dóceis, fáceis de se lidar, porém com dificuldade de aprendizagem desde o início de sua vida escolar, pois sua falta de atenção sustentada não deixa que ela mostre seu potencial; TDAH do tipo hiperativo impulsivo – Normalmente as crianças não apresentam dificuldades de aprendizagem nos primeiros anos de vida escolar e sim, por volta da 5ª série ou mesmo, posteriormente. Desenvolvem um padrão de comportamento disfuncional tumultuando as aulas, são resistentes à frustração, imediatistas e com dificuldade de seguir regras e instruções, por isso apresentam altas taxas de impopularidade e de rejeição pelos colegas; e o TDAH do tipo combinado – Há um prejuízo maior no funcionamento global. Quando comparado aos outros 2 subtipos é o que apresenta também maior número de comorbidades.
O tratamento do TDAH deve ser feito através de psicoterapia e sempre que necessário estar aliado à psicofármacos (geralmente prescritos por psiquiatras ou neurologistas). A terapia cognitivo-comportamental busca auxiliar o portador a desenvolver padrões cognitivos e comportamentais que ajudem a lidar com o seu cotidiano. Na abordagem cognitiva começa-se com a psicoeducação sobre o transtorno, tanto para o cliente quanto para familiares e professores, quando for o caso. Esta psicoeducação tem como objetivo ajudar o cliente e os que estão a sua volta a compreenderem melhor os sintomas e prejuízos causados pelo transtorno. O foco da terapia deve ser a mudança de velhos hábitos que já se tornaram vícios como o adiamento de tarefas, a desorganização, pensamentos negativos, bem como o resgate da auto-confiança e da auto-estima até então abalados.

quinta-feira, 16 de agosto de 2012

Inveja ou ciúmes?

Quando pensamos na palavra inveja, este termo logo nos remete a uma sensação desagradável, a uma idéia de maldade. Entretanto a inveja pode não ser de todo mal. A este tipo de sentimento popularmente chamamos de “inveja branca”, “inveja boa”, o que não passa de uma admiração. É normal admirarmos outras pessoas, termos elas como ponto de referência, o que pode nos servir de estímulo para chegarmos onde desejamos. Por exemplo, quando um amigo nosso troca de carro ou quando ele é promovido no trabalho, ficamos felizes, mas ao mesmo tempo gostaríamos que isso também acontecesse conosco, porém não há nenhuma idéia maliciosa nesta felicidade. O problema se inicia quando começamos a querer demais o que é do outro, quando sentimos raiva pelas conquistas que não são nossas, quando surge um desejo de destruição do sucesso e dos bens alheios.
É importante termos claro a diferença entre inveja e ciúme, pois estes dois sentimentos são frequentemente confundidos pelo senso comum. O ciúme é o medo de perder algo que se tem, ao contrário da inveja, quando queremos o que é do outro. Só temos ciúme de algo que é nosso, seja um objeto ou uma pessoa, não podendo ter ciúmes do que não possuímos. O indivíduo que sente ciúme geralmente é uma pessoa bastante vulnerável, sensível, insegura, muito desconfiada e com uma auto-estima muito baixa. Como a pessoa não pode perder aquilo que possui, ela faz uso de artimanhas como o controle, tanto de sentimentos quanto de comportamentos do outro.
A inveja pode ser considerada um dos sentimentos mais primitivos do ser humano e é, geralmente, negada pela grande maioria. É um sentimento de inferioridade que surge através da comparação que fazemos entre nós e o outro. Esta comparação é ensinada desde cedo, por exemplo quando somos constantemente comparados com o irmão que é mais bonzinho ou com o primo que tira melhores notas. É nessa época que nossas qualidades e defeitos começam a ser reconhecidos, quando as pessoas começam a ser admiradas pelas suas características que despertam mais atenção. Somos ensinados desde cedo que não podemos ter ou ser o pior, embora sempre tenha aquele que vai se sobressair mais que os outros.
Há uma tendência a supervalorizar o outro com tudo o que ele possui e desvalorizar o que temos. Frente a uma comparação, o invejoso sente-se incapaz e percebe o outro como possuidor de todos atributos que acredita não ter. Quando criticamos alguém, quando diminuímos ou ofendemos, quando temos necessidade de falar mal de alguém, provavelmente estamos nos sentindo inferiores a ele, ou seja, à medida que diminuímos o outro, diminuímos a todo momento o nosso próprio tamanho. Há uma mistura de raiva e tristeza por tudo que a pessoa é ou conquistou. Isso acontece no âmbito escolar, familiar e social e acaba gerando sentimentos de impotência, inferioridade e insatisfação consigo mesmo.
Quem sente inveja acha que o invejado tem o que quer, o que nem sempre é verdade. A pessoa apenas sabe explorar suas qualidades obtendo êxito em seu meio. O invejoso pode ter inveja de quem constituiu uma carreira de sucesso, comprou um carro novo ou até mesmo de coisas banais, como o modo de agir de alguém. A inveja, sem dúvida, atrasa o desenvolvimento pessoal e profissional do invejoso exatamente pelo fato deste se esquecer de viver sua própria vida e de reconhecer seus méritos e suas conquistas. Quem é invejado certamente possui qualidades que faltam ao invejoso. Normalmente quem sente inveja sofre mais do que o invejado, que sofre quando o invejoso o prejudica, seja ao falar mal, seja ao prejudicá-lo no trabalho, na vida pessoal e em muitos outros casos. Muitas vezes o invejoso é alguém que consideramos amigo e por este motivo não conseguimos notar o que ele realmente sente por nós.
O invejoso deseja ter algo que outra pessoa tem, quer estar no lugar do outro ou deseja que ele perca aquela qualidade que tanto almeja. Muitas vezes o invejoso arquiteta planos para ocupar o lugar do invejado e se dedica a isso ao invés de procurar seu próprio caminho. Quando passamos a querer viver a vida do outro, esquecendo quem nós somos e as qualidades que temos, é porque a inveja já virou doença. Muitas vezes a inveja é tão doentia que chega ao ponto de prejudicar seriamente o outro. O invejoso literalmente “gruda” no invejado, o persegue querendo saber tudo que ele vai fazer, qual o próximo passo que vai dar para então prejudicá-lo, chegando ao ponto de viver a vida que não a sua.
Aqueles que sentem inveja precisam desenvolver suas potencialidades e ter consciência de que podem ser admirados e felizes. Só podemos obter o sucesso quando desenvolvemos nossas próprias qualidades. Para isto a pessoa precisa exercer o autoconhecimento, se perguntar do que gosta, o que quer e de que maneira pode conseguir o que almeja. Devemos ter sempre em mente que somos todos seres capazes de nos transformarmos naquilo que gostaríamos de ser e ter, transformando cada sonho em realidade, ocupando nosso tempo em buscarmos cada um deles. Não podemos perder parte de nossas vidas focados no que o outro tem ou é, ou tentando destruir quem conseguiu o que não conseguimos. Acima de tudo, devemos acreditar em nós mesmos, gostarmos de quem somos e buscarmos os nossos próprios sonhos.

* Publicado na Revista Saúde Interativa

sexta-feira, 10 de agosto de 2012

Postura Empresarial

As empresas estão cada vez mais preocupadas em tomar medidas para evitar prejuízos para os seus funcionários e para o rendimento destes, o que a afeta diretamente.
Algumas dicas são o investimento em um bom ambiente de trabalho para o seu colaborador, levar em conta o bem-estar, a ergonomia (oferecer cadeiras adequadas, disponibilizar o material necessário para a execução do serviço, boas condições de iluminação, ambiente sempre que possível tranqüilo e desprovido de ruídos, material necessário para a proteção do trabalhador), motivação.
Para a psicóloga Fernanda Beltrame, fazer uso da recreação é uma ótima opção para descontrair o ambiente de trabalho. – Podem ser aplicadas dinâmicas de grupo, ginástica laboral, ciclo de palestras. O colaborador que tem uma boa qualidade de vida no trabalho, que se sente parte daquela equipe e que é valorizado, produz mais e melhor. A chefia deve estar aberta para receber críticas e sugestões. Criar um relacionamento de confiança entre corporação e colaboradores é fundamental. Através de uma pesquisa de clima organizacional, a chefia pode fazer um levantamento das necessidades de seus colaboradores a fim de tornar o ambiente de trabalho mais saudável e planejar um treinamento, explica a especialista em gestão de pessoas.

Aprenda a lidar com situações tensas

A dica da psicóloga Fernanda Beltrame para o enfrentamento das situações de tensão que afetam a saúde do funcionário é tentar sempre manter a calma e nunca agir de “cabeça quente”:
- Numa discussão deve-se sempre ver os dois lados. Nem toda situação é ruim, por pior que ela possa parecer sempre podemos tirar algo positivo, como uma lição, um aprendizado.
- Quando se sentir tenso, tente relaxar, exercícios de respiração aliviam a tensão e ajudam na oxigenação do cérebro.
- De hora em hora faça uma pausa para tomar uma água ou um café.
- No início do dia faça uma agenda das tarefas a serem desempenhadas naquele dia. Não coloque tarefas além do que pode fazer (o colaborador não deve se sobrecarregar).
- Diante de uma situação de estresse ou conflito, pare e analise o que realmente o incomoda. Muitas vezes a pessoa não sabe lidar com o conflito por uma característica pessoal que pode ser desenvolvida em terapia.

Necessidade de oferecer treinamento

Um estruturado programa de treinamento serve como uma ferramenta eficaz na solução de problemas como perda da qualidade, baixa produtividade, falta de sintonia com os avanças tecnológicos, perda da motivação e auto-estima, conflitos internos, falta de comprometimento, acomodação, diminuição da capacidade produtiva, danos em equipamentos, gastos inúteis de materiais, lentidão na execução das tarefas. – Um programa de treinamento bem planejado e aplicado traz como benefícios para a empresa aumento de produtividade, redução de custos, melhoria da qualidade, redução na rotatividade de pessoal, flexibilidade dos empregados, entrosamento, equipe auto-gerenciada, velocidade no ritmo das tarefas, empresa mais competitiva, busca de aperfeiçoamento contínuo e descobertas de novas aptidões e habilidades, afirma a psicóloga Fernanda Beltrame.
Entretanto, alguns líderes de empresas ainda pensam que o treinamento se faz necessário quando há uma falta de preparo dentro da empresa. Se um funcionário novo entra em uma empresa e não passa por um treinamento, pode prejudicar o resultado final da produção. – Porém, o treinamento não precisa ser feito somente quando um colaborador novo ingressa na empresa. Pode e deve ser feito constantemente, pois além de ser encarado como um investimento no colaborador, que se sente valorizado pela empresa investir em seu aprendizado, também melhora o clima da empresa e a comunicação interna. O treinamento aumenta a capacidade e as habilidades do colaborador, conclui.

Terapia para trabalhar melhor

Também se pode procurar terapia para desenvolver uma habilidade, como falar em público, se relacionar melhor e aprender a trabalhar em grupo. A psicóloga lista algumas razões para você procurar ajuda:
- Quando o colaborador está levando muito trabalho da empresa para casa, não sabe dividir o que é da empresa e o que é da casa, isso termina por afetar sua vida familiar e social.
- Quando tem problemas de relacionamento.
- Quando percebe que seu estresse está muito elevado.
De acordo com a psicóloga, a terapia ajudará o paciente a entender que há uma interação entre os pensamentos, os sentimentos e os comportamentos vivenciados; pois os transtornos psicológicos são decorrentes de um modo distorcido ou disfuncional dos seres humanos enxergarem os acontecimentos, o que influencia o afeto e o comportamento. Os pensamentos conseguem modular as emoções e mantê-las disfuncionais, independente de suas origens. Não é apenas a situação que determina o que as pessoas sentem, mas sim o modo como elas interpretam determinados eventos. Assim, o indivíduo vai começar a mudar seus pensamentos, o que sente naquela situação e, como conseqüência, vai mudar o seu comportamento também, afirma.

Comportamento do chefe pode deixar funcionário doente

A psicóloga Fernanda Beltrame acredita que a postura do chefe pode trazer riscos à saúde do funcionário.
Aquele chefe que pressiona, que faz uma ameaça velada ao colaborador, como por exemplo, se ele não alcançar a meta pode ser o próximo a ir pra rua, que trata seu colaborador aos gritos, que comete assédio moral, como chamá-lo de burro na frente dos demais colaboradores, pode gerar uma série de riscos à saúde do seu funcionário. Muitas vezes isso culmina no desenvolvimento de algumas psicopatologias, como ansiedade, estresse, somatização, depressão, síndrome do pânico entre outras.

segunda-feira, 6 de agosto de 2012

Violência fora de casa

Atualmente tem se comentado muito sobre o 'bullying' praticado nas escolas, e que é usado para designar atos de violência, tanto física quanto psicológica, que é praticado por um ou mais indivíduos e que tem como objetivo agredir o outro. Estas agressões são intencionais e repetidas e ocorrem sem motivação evidente. Inicialmente pode parecer uma simples brincadeira entre colegas, porém com o tempo, pode provocar uma série de consequências para a vítima.
Segundo estudos psicológicos, a pessoa que é vítima de bullying, possui um perfil: geralmente tem poucos amigos, não é sociável, é passiva, insegura, quieta e não reage efetivamente aos atos de agressividade que sofre. Entre as consequências estão o isolamento e a queda do rendimento escolar havendo, muitas vezes, a simulação de alguma doença como recusa a ir para a escola. Futuramente, dependendo das suas características individuais e da sua relação com o meio no qual está inserido (em especial o meio familiar), o jovem poderá não superar, parcial ou totalmente, os traumas sofridos na escola. Poderá crescer com sentimentos negativos, especialmente com baixa auto-estima, tornando-se um adulto com sérios problemas de relacionamento, podendo assumir também um comportamento agressivo. Em alguns casos extremos, o bullying pode afetar o estado emocional da vítima de tal maneira que ele opte por soluções trágicas, como o suicídio.
A psicóloga Fernanda Callegari Beltrame, salienta que "é importante que os pais fiquem atentos quando os filhos apresentam, com frequência, desculpas para faltar às aulas ou indisposições como dores de cabeça, de estômago, diarréias e vômitos antes de irem à escola; quando há queda no rendimento escolar, havendo dificuldade de concentração e aprendizagem; quando pedem para mudar de sala ou de escola sem motivo aparente e, quando voltam da escola irritados ou tristes, machucados e com as roupas e materiais sujos ou danificados." Se os pais suspeitarem que seu filho possa estar sendo vítima de bullying é indicado que eles estimulem a criança/adolescente a conversar sobre seu cotidiano e sempre que necessário, entrar em contato com a escola. Criar um ambiente de confiança e segurança é fundamental para que o jovem possa expressar seus problemas e dificuldades sem que se sinta menosprezado. Em caso de dúvida é aconselhável que os pais procurem a ajuda de um profissional capacitado.

* Publicado no Diário de Santa Maria - Caderno Educação.

Tricotilomania

A tricotilomania é um distúrbio psicológico caracterizado pelo ato de arrancar os cabelos, resultando em falhas e lesões na área afetada. Este ritual de arrancar os cabelos pode ocorrer em diferentes momentos ao longo do dia, como a hora de dormir, ao assistir televisão, falar ao telefone ou ler. As situações mais identificadas como propícias são aquelas percebidas como estressoras e situações de distração e monotonia ou quando o paciente está sozinho num sentimento de ansiedade e aborrecimento. Quando a pessoa se encontra nesta situação, a tensão se eleva e vem um desejo incontrolável de arrancar o cabelo. Logo após ela arrancar, há uma sensação de alívio da tensão, seguida pela culpa de ter arrancado o fio.
Em geral, o paciente procura fios com características especiais para arrancar: finos, grossos, lisos, encaracolados, duros, brancos. A seguir, examina os fios arrancados, enrola-o nos dedos, alisa, brinca, aperta a raiz, senti a textura, passa em volta da boca e morder a raiz, chegando a engolir os fios. A ingestão dos cabelos arrancados é denominada de tricofagia e pode causar obstrução gástrica ou intestinal, anemia, dor abdominal, náusea, vômito, anorexia e mau-hálito. Pode também haver irritação e feridas na pele.
Em geral, os pacientes acometidos desta patologia tendem a esconder as falhas surgidas onde os fios foram arrancados e evitam contato social em que precisam se expor. Esportes como natação ou atividades realizadas em local com ventilação também são evitadas, apresentando baixa auto-estima, culpa e vergonha por sua condição.
A tricotilomania também ocorre em crianças, podendo ser passageira. Tanto em crianças quanto em adultos, é importante observar a freqüência e o tempo que o comportamento permanece, bem como o grau de perda capilar. O acompanhamento de um profissional é a forma mais adequada de assegurar o diagnóstico correto e fazer a intervenção necessária.

Transtorno do Pânico

O Transtorno do Pânico (TP) pode ser considerado um dos problemas mais freqüentes na área dos transtornos de ansiedade. Segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde), as pessoas que têm o transtorno do pânico, em sua maioria, são pessoas jovens (faixa etária de 21 à 40 anos), que encontram-se no auge de sua vida profissional. Quem sofre deste mal costuma apresentar um histórico de vida em comum: geralmente são pessoas extremamente produtivas a nível profissional, costumam assumir uma carga excessiva de responsabilidades e afazeres, não convivem bem com erros ou imprevistos, têm tendência a se preocuparem excessivamente com problemas cotidianos, auto-expectativas extremamente altas, tendência a ignorar as necessidades físicas do corpo, entre outras. Esta forma de ser, acaba por predispor essas pessoas a situações de stress acentuado, o que pode levar ao aumento intenso de determinadas regiões do cérebro, desencadeando um desequilíbrio bioquímico e consequentemente o aparecimento do transtorno.
Taquicardia, falta de ar, tremores, sudorese, tonteiras, vertigens, pernas bambas, náusea, formigamentos, ideações de morte por sufocamento ou ataque cardíaco, perda de controle e desmaio são alguns dos sintomas presentes nas pessoas acometidas pelo TP. A vida profissional, pessoal e afetiva destas pessoas pode ser gravemente afetada – Não conseguem mais sair na rua sozinhas e algumas vezes nem acompanhadas. Infelizmente, há um grande número de pessoas com este transtorno que, devido a falta de informação e de acesso a tratamentos adequados, buscam alívio no álcool e nas drogas.
O diagnóstico do TP possui critérios bem definidos, sendo assim, não podemos classificar o aparecimento de qualquer sintoma como sendo o transtorno. Na dúvida, procure um profissional capacitado a fazer tal diagnóstico.

quarta-feira, 1 de agosto de 2012

Por que precisamos de qualidade de vida?

Está provado que a pessoa que cultiva uma boa qualidade de vida transita com mais facilidade pelos desafios surgidos no dia-a-dia. Muitos acham que isso é impossível em meio aos problemas profissionais, familiares, afetivos, financeiros e de saúde que o cotidiano moderno impõe. No entanto, essa concepção está equivocada. A busca pelo bem-estar antecede a todas essas problemáticas. Viver com qualidade é a preparação, ou seja, o fortalecimento que estrutura os enfrentamentos das situações a serem transportadas.
A psicóloga Fernanda Callegari Beltrame explica que a partir do momento em que a pessoa tem uma boa qualidade de vida, consegue dedicar-se ao trabalho, à vida social e ter momentos de lazer. Esse comportamento, em consequência, contribui para uma boa saúde mental.
- Atualmente, precisamos ter saúde física e psicológica para lidarmos com uma enorme variedade de problemas que a modernidade nos traz, como por exemplo, o estresse - afirma a psicóloga, que reconhece que nem sempre é fácil se desligar de tudo, diminuir o ritmo e deixar de lado a correria desenfreada da dupla ou tripla jornada exercida no dia-a-dia.

Recomendações:
É necessário saber dosar a vida profissional com a vida pessoa. De que forma?
- Se as horas extras forem inevitáveis no trabalho, tente não fazer delas um hábito.
- Inclua na sua rotina tarefas como sair para caminhar, ir a um cinema, visitar um amigo ou qualquer outra tarefa que você se sinta bem ao fazer. mas, principlamente, se proponha a realizar sempre que possível estas atividades. Não as encare como uma cobrança e sim como um momento de lazer do qual você possa se beneficiar.