sexta-feira, 17 de agosto de 2012

TDAH

O Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) é um transtorno neurobiológico, de causas genéticas, que aparece na infância e freqüentemente acompanha o indivíduo por toda a sua vida. Na maior parte das vezes, se manifesta muito cedo, porém é com o início da vida escolar, que os sintomas revelam-se de forma mais perceptível. Geralmente aquele que possui o TDAH se destaca do padrão de desenvolvimento esperado para a sua idade. O TDAH afeta o portador em diversos aspectos de sua existência e tem um curso longo, podendo apresentar, em alguns casos, uma melhora ao atingir a vida adulta, principalmente no que se refere aos sintomas de hiperatividade.
Os principais sintomas do TDAH são a dificuldade de manter a atenção, hiperatividade (manifestada geralmente por uma grande agitação motora e mental) e a impulsividade. A pessoa acometida por esta patologia não consegue se manter focada em um único estímulo do ambiente, em virtude das outras fontes de estimulação. Frequentemente, o paciente é descrito e rotulado como distraído, no mundo da lua, a mil por hora, encapetado, cabeça nas nuvens, irresponsável ou sem educação.
As maiores dificuldades do portador de TDAH estão relacionadas ao planejamento, à estruturação e à organização das atividades cotidianas. É na escola, onde provavelmente pela primeira vez, o TDAH é notado de forma clara como um problema real da criança devido às exigências do processo de aprendizagem. A criança com TDAH torna-se vulnerável afetivamente à medida que as cobranças e as pressões aumentam e, em conseqüência disso, suas dificuldades tornam-se mais salientes em relação às das crianças não portadoras. Estas dificuldades, equivocadamente, podem ser confundidas com falta de limite, preguiça, falta de educação ou falha de caráter, o que aumenta ainda mais a dificuldade de integração. Quando a escola e os professores não estão preparados para receber uma criança com TDAH, sua vida e a de seus familiares podem passar por diversos problemas.
Na infância, a criança pode apresentar algumas dificuldades como, por exemplo, seguir instruções ou o que foi combinado, acompanhar o andamento das aulas, grande dificuldade em ficar parado e movimentar-se o tempo todo. Em decorrência destes sintomas, é comum a presença de dificuldades escolares ou de aprendizagem sem que a criança apresente algum sinal de déficit de inteligência. Devido ao comportamento muitas vezes impulsivo ou desatento, as crianças portadoras de TDAH são desprezadas em rodas sociais e classificadas como mal-educadas ou sem limites e tendem a ser impopulares com outras crianças. A criança cresce sendo comparada e comparando-se às outras crianças, aos irmãos e aos colegas, sempre julgando-se incapaz ou inferiorizada. De modo geral, essa impressão, é reforçada pelos pais e responsáveis ou até mesmo por outras crianças. Caso o ambiente social não seja adequado, complicações secundárias podem ocorrer, como baixa auto-estima, insegurança, desajuste social e abuso de drogas, podendo chegar, em casos extremos, à criminalidade.
No decorrer da adolescência o portador pode carregar consigo muitos dos rótulos relacionados aos sintomas do TDAH. Traz também uma história escolar, muitas vezes, frustrante e deficiente em muitas áreas. Por experimentar, na maior parte dos casos, uma baixa auto-estima, tem dificuldades em manter um relacionamento social estável. Em virtude disto, trocas de grupos de amigos tornam-se bastante freqüentes.
Os adultos com TDAH costumam ter dificuldade de organizar e planejar suas atividades do dia a dia. Pode ser difícil para uma pessoa com TDAH determinar o que é mais importante dentre muitas coisas que tem para fazer, escolher o que vai fazer primeiro e o que pode ser deixado para depois. Em conseqüência disso, quem apresenta o TDAH fica muito estressado quando se vê sobrecarregado (e é muito comum que se sobrecarregue com freqüência, uma vez que assume vários compromissos diferentes), pois não sabe por onde começar e tem medo de não conseguir dar conta de tudo. Os indivíduos com TDAH acabam deixando trabalhos pela metade, interrompem no meio o que estão fazendo e começam outra coisa, só voltando ao trabalho anterior bem mais tarde do que o pretendido ou então se esquecendo dele.
O portador de TDAH apresenta dificuldade para realizar sozinho suas tarefas, principalmente quando são muitas, e o tempo todo precisa ser lembrado pelos outros sobre o que tem para fazer. Isso tudo pode causar problemas na faculdade, no trabalho ou nos relacionamentos com os demais. A persistência nas tarefas também pode ser difícil para quem tem o TDAH, pois freqüentemente costuma deixar as coisas pela metade. Embora estas pessoas sejam indivíduos criativos e inteligentes, em sua maioria, apresentam dificuldades em concretizar este potencial.
Há três subtipos de TDAH bastante conhecidos, sendo eles: TDAH do tipo predominante desatento - Geralmente apresentado por crianças dóceis, fáceis de se lidar, porém com dificuldade de aprendizagem desde o início de sua vida escolar, pois sua falta de atenção sustentada não deixa que ela mostre seu potencial; TDAH do tipo hiperativo impulsivo – Normalmente as crianças não apresentam dificuldades de aprendizagem nos primeiros anos de vida escolar e sim, por volta da 5ª série ou mesmo, posteriormente. Desenvolvem um padrão de comportamento disfuncional tumultuando as aulas, são resistentes à frustração, imediatistas e com dificuldade de seguir regras e instruções, por isso apresentam altas taxas de impopularidade e de rejeição pelos colegas; e o TDAH do tipo combinado – Há um prejuízo maior no funcionamento global. Quando comparado aos outros 2 subtipos é o que apresenta também maior número de comorbidades.
O tratamento do TDAH deve ser feito através de psicoterapia e sempre que necessário estar aliado à psicofármacos (geralmente prescritos por psiquiatras ou neurologistas). A terapia cognitivo-comportamental busca auxiliar o portador a desenvolver padrões cognitivos e comportamentais que ajudem a lidar com o seu cotidiano. Na abordagem cognitiva começa-se com a psicoeducação sobre o transtorno, tanto para o cliente quanto para familiares e professores, quando for o caso. Esta psicoeducação tem como objetivo ajudar o cliente e os que estão a sua volta a compreenderem melhor os sintomas e prejuízos causados pelo transtorno. O foco da terapia deve ser a mudança de velhos hábitos que já se tornaram vícios como o adiamento de tarefas, a desorganização, pensamentos negativos, bem como o resgate da auto-confiança e da auto-estima até então abalados.

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